Começo minha história com uma mãe muito cuidadosa, minha mãe!
Minha mãe me levava constantemente aos médicos, desde que eu era pequenina, afinal eu tinha muita dor de cabeça. Foram muitos eletroencefalogramas, muitas radiografias, exames de sangue e afins.
Sem diagnóstico é claro.
Embora todos os esforços envidados ainda, acredito eu, era difícil o diagnóstico.
Cresci ouvindo: "Mas, criança não tem dor de cabeça." Fato é que eu tinha.
Muitos anos depois, já mãe de meus três filhos, sem entender a natureza de tudo aquilo, após alguns médicos, check ups, exames, fui diagnosticada com enxaqueca.
Bom, pensei eu, tantas pessoas no mundo tem, por que eu seria a "sortuda" em não ter, não é?
Diagnóstico dado, comecei tratamentos de curta duração, a me precaver com remédios na bolsa. Medo de a enxaqueca e os seus sintomas atrapalharem a rotina do dia e da vida.
Como disse, mãe de três lindos e maravilhosos filhos, eles cresceram com essa alcunha da mãe. São as únicas pessoas no mundo que já me viram como ninguém mais. Devo a eles a compreensão, o apoio, as minhas conquistas e a minha vida.
Essa enxaqueca, de umas duas ou três crises ao ano, começou a ser mensal, em dias que não coincidiam com nada. Fiz investigação alimentar, o chamado diário da enxaqueca, nada indicava ser alimentar, não coincidia com o período menstrual (então, a causa não era hormonal), mas... Coincidia com os "problemas da vida".
Após 2007, período bem difícil, ela, a enxaqueca, começou com essa constância absurda, percebi que nada estava segurando ela. Ir ao pronto socorro começou ser opção, mas voltava frustrada, sem grandes melhoras, somente a consciência que não existia remédio que a coibisse.
Só em 2011 me rendi aos remédios mais fortes, remédios neurológicos que acabaram com meu corpo e vida social. A esperança era controlar a enxaqueca, mas ela só agravava. Começaram as crises semanais.
De alguns médicos maravilhosos (outros nem um pouco), um deles me olhou bem dentro dos olhos, como se visse o sofrimento da minha alma e disse: "Não se preocupe, eu vou cuidar de voce". Me senti abraçada. Este ser humano especial, que vestia jaleco, me olhou como um ser humano. Me fez, por instantes, tirar de mim a culpa de ter enxaqueca. Mudou os remédios e fez o pedido de um exame chamado Angioressonância Magnética. Descobri apenas, como disse o médico, que tenho um defeitinho de nascença e não posso tomar os remédios comumente utilizados para enxaqueca.
Dado o acréscimo de informação, não havendo nada a ser feito, vida que segue, mas segue com enxaqueca.
E agora?
Continuei os tratamentos neurológicos, que me prometiam, que se um dia surtissem efeito para controlar a enxaqueca, eu o tomaria para o resto da vida.
Em 2016 cansei. Cansei muito. Cansei de verdade.
Resolvi assumir a enxaqueca em minha vida. Desisti dos remédios que estavam me tirando do convívio social e não tiravam a enxaqueca.
Comecei a fazer tratamento homeopata, conseguiu controlar as crises intensas e não me dava reações adversas. Neste momento tenho que frisar que esse médico homeopata, de sorriso largo e acolhedor, foi outro anjo que foi inserido em minha vida.
Vale ressaltar que agora só tomo remédio quando existe possibilidade de ajudar a me manter para continuar o dia (mesmo com dor) cumprindo minhas funções de vida, de trabalho e sociais.
Nas crises intensas, que costumo dizer "incapacitantes" de nada adianta tomar remédio. É deitar no escuro, ficar quietinha e deixar todos os sintomas tomar conta do meu corpo até eles, por si próprios, irem embora.
Nenhum remédio segura esse processo.
Para quem tem enxaqueca e se identificou, digo ainda mais, nos sentimos culpados por ter enxaqueca. Não somos. Somos fortes. Só caímos em casos extremos. Na maioria das vezes, estamos com dor (trabalhando, estudando ou em outro qualquer convívio social) sorrindo e sendo gentis, sem que as pessoas desconfiem como está nossa alma.
O nome que deram para minha enxaqueca?
Enxaqueca crônica com aura motora.
Além da dor de cabeça, a minha especialmente no lado esquerdo, tem os sintomas como flashes luminosos na visão, que se movimentam em zigue zague, as vezes pontos luminosos, surgimento de pontos cegos, perda da noção de espaço, confusão mental, vertigem, vômitos por vezes, mas sempre o mal funcionamento do estômago e náusea, mal funcionamento do intestino, visão dupla, muitas vezes perda parcial da visão ou total; dormências e formigamentos no lado esquerdo do corpo (se fosse visível, eu estaria dividida inteira ao meio), com paralização deste lado - não consigo me mover, inclusive divide até a língua, causando dificuldades na fala - e, ainda, perco coordenação motora... Ah! E noção de espaco, que já me rendeu alguns acidentes.
Então, como costumeiramente falo, se enxaqueca fosse uma "dor de cabeça mais forte" nós, enxaquecosos, seríamos muito felizes.
Mas... Somos!
Não pela dor... Somos felizes e prosseguimos a vida muito satisfeitos se as pessoas que amamos compreendem essa nossa falha involuntária, no meu caso de nascença.
Por fim, sou gratissíma aos que se compadecem e procuram compreender (sei que não é fácil), aos enxaquecosos "estamos juntos na luta" e aos que não têm enxaqueca sintam-se extremamente afortunados.
Porque cada dia é uma dádiva!
❤
Único registro em plena enxaqueca
Eu?
Sou grata pelos lindos filhos que tenho e pelo sobrinho maravilhoso, meu filho também. Me considero a pessoa mais agraciada do mundo inteirinho.
🖤
Entre as coisas desimportantes, eu me vi.
Vi minhas cores nela.
(Mônica Gomes)
Mônica ! Minha esposa me mandou seu texto, eu passo por isso EXATAMENTE como descreveu ha 14 anos...
ResponderExcluirTive a última crise ha 2 semamas semamas para minha indignacao só melhorei agora.
Tenho problemas sérios de ansiedade e o maior causador dele é meu medo de passar mal de enxaqueca 24h.
Gostaria de conversar com você mais sobre. Forte abraço e parabéns!!
Wilson, caso queira entrar em contato comigo, vai o link do meu Facebook e Instagram:
Excluirhttps://www.facebook.com/monica.gomes.1460
https://www.instagram.com/monicaprofart/?hl=pt-br
Abraço.
Muito grata pelo contato.
Wilson, podemos conversar sim.
ResponderExcluirUltimamente tenho feito um tratamento homeopata e as crises têm ficado mais amenas.
Forte abraço.
Temos que nos unir e trocar experiências.
Mônica, vi seu comentário no blog do Dr. Alexandre, pois também tenho enxaqueca....estou seguindo uma moça que tem um site, blog e instagram que chama vencendo a enxaqueca...é muito bom, tenho aprendido muito sobre a enxaqueca. Tirei os doces, açucar,farinha Branca, refri, estou tomando cloreto de magnésio. Estou me sentindo bem melhor. Dá uma olhada lá...e que Deus derrame muita saúde em nossas vidas!!
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