Versões

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terça-feira, 29 de abril de 2014

Fato


O que sei é o que sou
Sou quem eu sei

Isso é fato provável
Improvável é não ser fato

Fato a olhos vistos
Contido nas inconstâncias dos fatos

Mas se fato ventura não é fato,
De fato não sou eu quem sou?
Sou parcimoniosamente o que vejo,
o que leio,
o que observo.
É fato provável que sou o que vivo.
Alguém pode negar um fato?!

Vida com vinho...


Com linhas
No caminhar constante
Na espera do instante
Cores completas 
Seguindo-se as setas
Desenha-se o caminho
Cujo fim não adivinho.

Mas, brindemos
Com vinho!



quinta-feira, 24 de abril de 2014

Princesa e Star Wars?? Ralph Sevelius conseguiu! Lindo resultado.

O artista Ralph Sevelius usou muito a sua imaginação e fez releituras das princesas da Disney com características  Star Wars.

As imagens foram criadas pelo usuário Pushfighter (Ralph Sevelius) do DeviantART. 








domingo, 20 de abril de 2014

O Cão e a Raposa (Walt Disney) - Uma improvável perfeição!


Se não houvesse o pré conceito arraigado, se não tentássemos impor nossas verdades, se o respeito imperasse, independente de quaisquer motivo que o ser humano arrume como desculpa, o mundo seria perfeito!



Uma improvável perfeição!




Sinopse:

A Disney orgulhosamente apresenta o seu 24º longa-metragem animado: O Cão e a Raposa. Esta belíssima fábula de amizade traz uma perfeita combinação de suspense, lindos cenários e personagens encantadores. Dodó, uma raposinha órfã, e Toby, um adorável cãozinho, são amigos inseparáveis. Sob os olhos atentos da mamãe coruja, Toby e Dodó brincam alegremente na floresta, sem imaginar que em breve sua amizade passará por um teste definitivo.


sexta-feira, 18 de abril de 2014

OS SILENCIADOS NÃO MUDAM O MUNDO

Os silenciados não mudam o mundo é o título do documentário realizado por Alexandre Alencar, que teve sua pré-estreia em 21 de janeiro de 2013, no cinema da Fundação Joaquim Nabuco, em Recife (PE).

O filme foi produzido com incentivo do Governo do Estado, a partir do Funcultura, e retrata o pensamento do educador pernambucano Paulo Freire (1921-1997). No filme, uma entrevista inédita do filósofo e educador serve de fio-condutor para a construção de dois personagens, um do sertão pernambucano e outro da capital, Recife. A obra também fala de rebeldia, amor e autoritarismo. Várias páginas da web divulgaram o filme, mas o documentário só foi exibido em Recife (PE).
“Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho: os homens se libertam em comunhão.” Paulo Freire



Eduardo e Mônica - Legião Urbana



Quem um dia irá dizer que existe razão


Nas coisas feitas pelo coração?

 E quem irá dizer


Que não existe razão?


Quem um dia irá dizer que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer
Que não existe razão?

Eduardo abriu os olhos mas não quis se levantar
Ficou deitado e viu que horas eram
Enquanto Mônica tomava um conhaque
No outro canto da cidade
Como eles disseram

Eduardo e Mônica um dia se encontraram sem querer
E conversaram muito mesmo pra tentar se conhecer
Foi um carinha do cursinho do Eduardo que disse
- Tem uma festa legal e a gente quer se divertir
Festa estranha, com gente esquisita
- Eu não estou legal, não aguento mais birita
E a Mônica riu e quis saber um pouco mais
Sobre o boyzinho que tentava impressionar
E o Eduardo, meio tonto, só pensava em ir pra casa
- É quase duas, eu vou me ferrar

Eduardo e Mônica trocaram telefone
Depois telefonaram e decidiram se encontrar
O Eduardo sugeriu uma lanchonete
Mas a Mônica queria ver o filme do Godard
Se encontraram então no parque da cidade
A Mônica de moto e o Eduardo de camelo
O Eduardo achou estranho e melhor não comentar
Mas a menina tinha tinta no cabelo

Eduardo e Mônica eram nada parecidos
Ela era de Leão e ele tinha dezesseis
Ela fazia Medicina e falava alemão
E ele ainda nas aulinhas de inglês
Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus
De Van Gogh e dos Mutantes
Do Caetano e de Rimbaud
E o Eduardo gostava de novela
E jogava futebol-de-botão com seu avô
Ela falava coisas sobre o Planalto Central
Também magia e meditação
E o Eduardo ainda estava
No esquema "escola, cinema, clube, televisão"

E, mesmo com tudo diferente
Veio mesmo, de repente
Uma vontade de se ver
E os dois se encontravam todo dia
E a vontade crescia
Como tinha de ser

Eduardo e Mônica fizeram natação, fotografia
Teatro e artesanato e foram viajar
A Mônica explicava pro Eduardo
Coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar
Ele aprendeu a beber, deixou o cabelo crescer
E decidiu trabalhar
E ela se formou no mesmo mês
Em que ele passou no vestibular
E os dois comemoraram juntos
E também brigaram juntos, muitas vezes depois
E todo mundo diz que ele completa ela e vice-versa
Que nem feijão com arroz

Construíram uma casa uns dois anos atrás
Mais ou menos quando os gêmeos vieram
Batalharam grana e seguraram legal
A barra mais pesada que tiveram

Eduardo e Mônica voltaram pra Brasília
E a nossa amizade dá saudade no verão
Só que nessas férias não vão viajar
Porque o filhinho do Eduardo
Tá de recuperação

E quem um dia irá dizer que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer
Que não existe razão?



Link: http://www.vagalume.com.br/legiao-urbana/eduardo-e-monica.html#ixzz2zHbbtasp

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Resíduo - Carlos Drummond de Andrade


De tudo ficou um pouco
Do meu medo. Do teu asco.
Dos gritos gagos. Da rosa
ficou um pouco

Ficou um pouco de luz
captada no chapéu.
Nos olhos do rufião
de ternura ficou um pouco
(muito pouco).

Pouco ficou deste pó
de que teu branco sapato
se cobriu. Ficaram poucas
roupas, poucos véus rotos
pouco, pouco, muito pouco.

Mas de tudo fica um pouco.
Da ponte bombardeada,
de duas folhas de grama,
do maço
- vazio - de cigarros, ficou um pouco.

Pois de tudo fica um pouco.
Fica um pouco de teu queixo
no queixo de tua filha.
De teu áspero silêncio
um pouco ficou, um pouco
nos muros zangados,
nas folhas, mudas, que sobem.

Ficou um pouco de tudo
no pires de porcelana,
dragão partido, flor branca,
ficou um pouco
de ruga na vossa testa,
retrato.

Se de tudo fica um pouco,
mas por que não ficaria
um pouco de mim? no trem
que leva ao norte, no barco,
nos anúncios de jornal,
um pouco de mim em Londres,
um pouco de mim algures?
na consoante?
no poço?

Um pouco fica oscilando
na embocadura dos rios
e os peixes não o evitam,
um pouco: não está nos livros.

De tudo fica um pouco.
Não muito: de uma torneira
pinga esta gota absurda,
meio sal e meio álcool,
salta esta perna de rã,
este vidro de relógio
partido em mil esperanças,
este pescoço de cisne,
este segredo infantil...
De tudo ficou um pouco:
de mim; de ti; de Abelardo.
Cabelo na minha manga,
de tudo ficou um pouco;
vento nas orelhas minhas,
simplório arroto, gemido
de víscera inconformada,
e minúsculos artefatos:
campânula, alvéolo, cápsula
de revólver... de aspirina.
De tudo ficou um pouco.

E de tudo fica um pouco.
Oh abre os vidros de loção
e abafa
o insuportável mau cheiro da memória.

Mas de tudo, terrível, fica um pouco,
e sob as ondas ritmadas
e sob as nuvens e os ventos
e sob as pontes e sob os túneis
e sob as labaredas e sob o sarcasmo
e sob a gosma e sob o vômito
e sob o soluço, o cárcere, o esquecido
e sob os espetáculos e sob a morte escarlate
e sob as bibliotecas, os asilos, as igrejas triunfantes
e sob tu mesmo e sob teus pés já duros
e sob os gonzos da família e da classe,
fica sempre um pouco de tudo.
Às vezes um botão. Às vezes um rato.


quarta-feira, 16 de abril de 2014

Destino - O curta perdido de Salvador Dali


Para não perder novamente, coloco aqui, neste espaço...
Obra bela e surrealista!
Um sonho no Destino!



"Escondido nos Arquivos dos Estúdios Disney, estava um projeto de um curta com a arte de Walt e Salvador Dali. Em meados dos anos 40, Disney esquematizou com Dali para promoverem um curta baseado em suas artes surrealistas. Porém Disney não tinha dinheiro o suficiente para continuar, então só foram produzidos 17 segundos do curta original.


Agora, seu sobrinho, Roy Edward Disney, encontrou esse projeto esquecido e o finalizou com a equipe de animação dos Estúdios Disney. — em Los Angeles."




Referência, o link do próprio vídeo, encontrado no youtube:


Salvador Dali

Eu, Mônica Gomes, e a Arte.




terça-feira, 15 de abril de 2014

Considerações...


Quando olhamos uma pessoa não sabemos, de fato, quem é. De imediato, existem pré-conceitos... Avaliamos pela aparência; não avaliamos uma vida. Não possuímos ferramentas para isso.


Por vezes, a embalagem pouco diz de uma trajetória de vida complexa, cheia de histórias, caminhos e linhas... Linhas como as de Van Gogh, que tão explicitamente mostrava uma mente tortuosa, como suas fortes pinceladas!

Aprendi, desde muito cedo a observar, a olhar com atenção, a apreciar gestos, timbres, palavras, toques, sons, cores... Intenções!

Portanto, àqueles que declaro meus amados, que envolvo em minha vida como a doce ressonância de um blues (amo blues), saibam que foram carinhosamente apreciados, fazem parte da minha vida - mesmo distantes - porque são extremamente especiais!

Comigo, não existem palavras não ditas, atitudes implícitas ou entrelinhas a serem desvendadas. Sou o que sou, minhas palavras são reais. Sei o poder da palavra. 

Quero que se lembrem de mim pelo o que realmente sou, não por uma capa produzida.
Não guardo mágoas e gostaria de nunca ter magoado ninguém...

Pessoas são o que há de mais precioso, relacionamentos são sérios e a vida... Ah, a vida! A vida é deliciosamente complicada. (Guardo os momentos)

Serei plenamente realizada se, algumas das pessoas que passaram e passarão por minha vida, levarem um pouquinho de mim.

Sempre levarei você!



Publicado em 1 de outubro de 2013 às 14:57


Mônica Gomes
(Eu)



Ps.: O texto acima é o originalmente publicado na data referida... Acrescento aqui, o que já declarei centenas de vezes, gosto do contato direto, do olho no olho, dos gestos, do timbre e tudo que estimule os sentidos. Minha vida virtual é, somente, para manter pessoas queridas por perto e agregar sabedoria e gentilezas humanas.
Infelizmente, cheguei a triste constatação que não fui feita para "vida virtual".



Leia mais sobre "vida virtual" no link abaixo... Matéria interessante.
http://www.tecmundo.com.br/curiosidade/1911-vida-real-x-vida-virtual.htm

domingo, 13 de abril de 2014

O Tempo



Vivemos em tempos que o tempo é precioso... Nas grandes capitais, pelo ritmo frenético, as coisas pioram.
Tudo em nossas vidas é perda de tempo... Afinal, por ventura, o tempo que se foi poderá retornar?

A questão é; perdemos nosso tempo com coisas aprazíveis? 
Se a resposta é "sim", perdemos nosso tempo com qualidade.

Porque podemos perdê-lo com ou sem qualidade!

Se amamos, se temos gestos de gentileza, se lemos, se pensamos, se rimos, se estamos rodeados com pessoas queridas, se esperamos por querer esperar, se conversamos por querer conversar... ou tantas outras coisas inauditas, foi um tempo imensurável de alegrias, lembranças que, podem ficar no passado (ou ser presente... ou ser futuro), mas serão para sempre lembranças boas!


Mas, penso... Eu agora com essas considerações, detesto ser tão óbvia... A obviedade deveria ser inerente ao ser humano, não deveria ser dito ou escrito. Deveria estar arraigado e ser sublimação* a todo 'homem' e 'mulher'.


Declaro: Meu tempo é sempre perdido com o que se vale a pena perder.
Pessoas!
Pessoas que estão perto, pessoas que estão longe!
E amo intensamente!

Chegarei a velhice e não lamentarei minhas horas, foram gastas com o que vale a pena gastar!

Quem chegou até aqui e leu... Você faz parte... Quem não leu... Rs! Não perdeu tempo para isso, nunca saberá o quanto é importante para mim.

Como amo, segue sugestão... Se tiver tempo, ouça:


Abraços fortes!!!



* No sentido da Psicanálise. Processo inconsciente pela a qual a energia da libido se desvia para trabalhos mentais criativos, socialmente desejáveis.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Um Dia.


Ao findar do dia
Ideias permeiam
Muitas maravilhas
Excentricidade em devaneios
Colóquio ao ouvido
Verdades... Mentiras...
Que importa?
Percepção mais que aguçada
Transeunte velejante
Onde palavras são desenhos
E os desejos concretos
Permeiam por um dia
Um instante decidido
E como diz o poeta:
Que não seja imortal, posto que é chama.
Mas que seja infinito enquanto dure.”
Um dia... Ainda que a eternidade de um instante!

(Mônica Gomes)



domingo, 6 de abril de 2014

A Culpa é das RAPOSAS... Quero algumas raposas! História para adultos.



Gepeto era um carpinteiro que vivia sozinho e sonhava em ter um filho. Um dia, ele decidiu fazer um boneco de madeira, que ganhou vida graças ao seu desejo. 

- Serás o filho que eu não tive e vou chamar-te Pinóquio. 
Nessa noite, uma Fada Madrinha visitou a oficina de Gepeto e ao tocar Pinóquio com a varinha mágica disse: 
- Vou-te dar vida, boneco. Mas, deves ser sempre bom e honesto! 

No dia seguinte, Gepeto notou que os seus desejos se tinham tornado realidade. Mandou Pinóquio à escola, acompanhado pelo grilo cantante Pepe. 

Pelo caminho encontraram a D. Raposa e a D. Gata. 
- Porque vais para a Escola se há por aí tantos lugares bem mais alegres? - perguntou a Raposa. 
- Não lhe dês ouvidos! - avisou-o Pepe, o grilo. Mas Pinóquio, para quem tudo era novidade, acabou por dar ouvidos a D. Raposa e conheceu Strombóli, o dono de um teatrinho de marionetas. 
- Comigo serás o artista mais famoso do mundo! - sussurrou no ouvido de Pinóquio, o astucioso Strombóli. 

O espectáculo começou. 
Pinóquio foi a estrela, principalmente pelas suas asneiras, que causaram muitos risos. Os outros bonecos eram espertos, tinham prática, enquanto Pinóquio era trapalhão... Por isso triunfou! 
No final do espectáculo Pinóquio quis ir embora, mas Strombóli tinha outros planos. 
- Vou prender-te nesta jaula, boneco falante. Vales muito mais do que um diamante! 

Por sorte o grilo Pepe correu a avisar a Fada Madrinha, que enviou uma borboleta mágica para salvar Pinóquio. 
Quando se recompôs do susto, a borboleta perguntou-lhe aonde vivia. 
- Não tenho casa. - respondeu Pinóquio. 
A borboleta voltou a fazer-lhe a mesma pergunta, e ele a dar a mesma resposta. Mas, sempre que mentia, o nariz crescia-lhe mais um pouco, pelo que não conseguiu enganar a Borboleta Mágica. 
- Não quero este nariz! - soluçou Pinóquio. 

- Terás que te portar bem e não mentir! Voltas para casa e vais à Escola. - disse-lhe a Borboleta Mágica. 
Ao regressar a casa, Pinóquio foi recebido com muita alegria por Gepeto e passou a portar-se bem. 
Algum tempo depois, quando ia para a Escola, voltou a encontrar a Raposa, que o desafiou para a acompanhar à Ilha dos Jogos. 

Não resistiu e lá foi com a Raposa. Assim que entrou começaram a crescer-lhe as orelhas e a transformar-se em burro. Aflito, valeu-lhe o grilo Pepe, que lhe disse: 
- Anda, Pinóquio. Conheço uma porta secreta...! Não te queres transformar em burro, pois não? Levar-te-iam para um curral! 
- Sim, vou contigo, meu amigo. 
Ao chegarem a casa encontraram-na vazia. Souberam por uns marinheiros que Gepeto se tinha feito ao mar num bote.

Como o grilo Pepe era muito esperto, ensinou Pinóquio a construir uma jangada. Dois dias mais tarde, quando navegavam já longe de terra, avistaram uma baleia. 
- Essa baleia vem direita a nós! gritou Pepe. 
- É melhor saltarmos para a água! 

Mas não se salvaram ... a baleia engoliu-os. 
Entretanto, descobriram que no interior da barriga da baleia estava Gepeto, que tinha naufragado durante uma tempestade. 
Depois de se terem abraçado, resolveram acender uma fogueira. A baleia espirrou e deitou-os para fora. 

- Perdoa-me, papá - suplicou Pinóquio muito arrependido. 
E a partir daí mostrou-se tão dedicado e bondoso que a Fada Madrinha, no dia do seu primeiro aniversário, transformou-o num menino de carne e osso ... num menino de verdade. 

- Agora tenho um filho verdadeiro! - exclamou Gepeto radiante.


A foto do Pullitzer e as diversas reações

Esta foto trouxe a fama mundial a Kevin Carter , fotógrafo sul-africano, concedendo-lhe o prémio Pullitzer de 1994 para melhor fotografia.




Em março de 1993, durante uma viagem ao Sudão (país então arrasado por uma longa guerra civil), Carter estava se preparando para fotografar uma criança faminta tentando chegar a um centro de alimentação da Organização das Nações Unidas (ONU) próximo à aldeia de Ayod, no atual Sudão do Sul, quando um abutre-de-capuz aterrizou nas proximidades. Ele relatou que tirou a fotografia porque esse era o seu "trabalho" e depois partiu. Ele foi criticado por não ajudar o menino, Kong Nyong:
O jornal St. Petersburg Times, da Flórida, disse sobre Carter: "O homem ajustando suas lentes para capturar o enquadramento exato daquele sofrimento poderia muito bem ser um predador, um outro urubu na cena."
Vendida para o The New York Times, a fotografia foi publicada pela primeira vez em 26 de março de 1993 e foi repassada para muitos outros jornais ao redor do mundo. Centenas de pessoas entraram em contato com o Times para perguntar sobre o destino do menino. O jornal informou que não se sabia se o garoto tinha conseguido chegar ao centro da alimentação. Em 1994, a imagem ganhou o Prêmio Pulitzer de Fotografia.
O Mundo viu, nessa foto, a morte e a fome, a morte pela fome. A opinião pública apressou-se a julgar e a condenar sumariamente a alegada frieza com que teria agido Kevin Carter, considerando que o fotógrafo poderia, e deveria, ter feito alguma coisa para salvar a criança. Kevin sentiu o mesmo e foi essa dor que o levou a pôr termo à própria vida, incapaz de suportar a ideia de não ter ajudado a salvar uma vida.

No rescaldo do Pulitzer, nem todos se apressaram a condenar a postura do repórter perante a situação que o catapultou para a fama. No dia em que colocou termo à vida, chegavam à casa dos pais de Carter um maço de cartas escritas provenientes do Japão onde um grupo de crianças da escola de Arakawa Ward, em Tóquio, explicavam como a foto do abutre as havia tocado.
Alguns excertos das cartas acabariam por ser lidas no funeral de Kevin Carter: "se eu for apanhado numa situação difícil, vou lembrar-me da sua foto e tentar ultrapassar a situação"; "Até agora fui uma pessoa egoísta"; "Eu tiraria a foto com as mãos a tremer", podia ler-se nas várias missivas.

Aos 33 anos de idade, o fotógrafo suicida-se. Partes da nota de suicídio de Carter diziam:
"Estou deprimido ... sem telefone ... dinheiro para o aluguel ... dinheiro para sustentar as crianças ... dinheiro para dívidas ... dinheiro! ... Estou assombrado pelas vívidas memórias de mortes e cadáveres e raiva e dor ... de morrer de fome ou de crianças feridas, de loucos com dedos no gatilho, muitas vezes policiais, carrascos assassinos ... eu tinha que ter ido junto com Ken (Ken Oosterbroek, seu colega fotógrafo que havia falecido há pouco tempo) se eu tivesse a mesma sorte."
[...]

As palavras acima são recortes de textos que li...
O ser humano sempre é rápido em julgar. Ninguém conhece a vida de ninguém. Quanto a este fotógrafo, diz o relato de um outro fotógrafo, que também encontrava-se no local, que aquele momento foi impar; haviam chegado suprimentos e, devido a fome extrema, os pais deixaram seus filhos por alguns instantes em busca do alimento. Vários outros fotógrafos tiraram fotografias semelhantes, mas foi esta que ganhou o prêmio, por retratar a dor no Sudão. Muitas pessoas criticaram Carter. Ninguém viveu o que ele viveu, ninguém foi até o Sudão ajudar aquelas pessoas. Mas criticaram!

O julgamento não cabe a nós seres humanos falhos.
Cabe-nos a gentileza, a solidariedade, a empatia. Se estivéssemos menos centrados em "nossos próprios umbigos" talvez percebêssemos que se olharmos para nós mesmos e fizermos a nossa parte será suficiente para um mundo melhor.

Referências: